quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Bricks Are Heavy (L7, 1992)



Estive fora durante a última semana, num entre-cidades sem acesso à internet, sinal fraco no celular e sem muitas opções de divertimento. Fui a trabalho, lógico, até pois não curto mosquitos me picando loucamente, cidades em que tudo já está fechado às oito da noite e çasparadas todas aí. De qualquer forma, entre uma respirada e outra, fiquei pensando no que ia resenhar por aqui quando chegasse, mas estava completamente sem ideias. Notei que sempre que eu colocava meus fones, eu recorria a alguns álbuns específicos, dentre eles, esse lindo. Bricks Are Heavytinha que aparecer por aqui algum dia, e esse dia é hoje, coleguinhas.

Não escolhi o álbum porque ele é considerado um (ou talvez o grande) clássico do L7, porque Pretend We're Dead é uma música cretinamente incrível ou porque Shitlist toca no filme Natural Born Killers. Escolhi este álbum para a resenha de hoje simplesmente porque ele é um trabalho bonito, bem feito e recheado de músicas deliciosamente agressivas e maliciosamente...‘perigosas’ - e porque é um dos meus álbuns mais ouvidos do momento (contente-se com a realidade, caro leitor).

A belezinha de disco começa com Wargasm, e é praticamente impossível não se sentir meio hipnotizado pelas guitarras desde o início. Donita Sparks canta como uma guria que não leva desaforo pra casa, fazendo gurias como eu perceberem que não importa o quão durona (sempre odiei esse termo, mas...) você pareça ser, a sua voz sempre será meio viadinha – porque nem tudo nesta vida são flowers, minhas jovens. Desculpaê, gente.

Segue-se com Scrap e com a genial Pretend We're Dead, que desde a primeira audição me soou como um hit daqueles nostálgicos duma causa não tão impossível, nem ainda perdida. Me pergunto: será mesmo? Mas bem, não é esta a questão.

O lance é que todas as músicas deste álbum te levam a uma viagem de garotas furiosas, com toda a vontade/necessidade e todo o direito de levantar a voz, empunhando guitarras pesadas e batidas que te trazem novamente aquela ânsia pré-adolescente de tocar bateria com tanta força e vontade a ponto de pôr o pâncreas pra fora. E pela boca. Uh.

De mais a mais, temos ainda músicas como Everglade, One More Thing e a décima primeira e última, This Ain't Pleasure, que te deixam com aquela sensação de "mano, põe a parada pra tocar de novo, POR FAVOR". As faixas variam entre a sensação de nostalgia dos deixados-pra-trás anos 90 - coturnos velhos, surrados e sujos de areia e camisas de flanela no calor da Califórnia (ou do Brasil, no nosso caso) -, provocações de jovens garotas que dão mais valor ao cérebro que aos traseiros - e por isso mesmo provocam -, alfinetadas em questões políticas e nos olhos de quem se sentir ofendido. L7 é poderoso, agressivo e sexy, por mais clichê e babaca e discurso-de-crítico-musical-meia-boca que isso possa parecer.

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