quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A Sense Of Purpose (In Flames, 2008)



Coleguinhas hiperssonóricos do meu Brasil, o assunto de hoje é o seguintch: bandas terrivelmente geniais que esqueceram a fórmula da própria genialidade musical e se tornaram apenas bandas terríveis. Exemplos? O Guns N’Roses e um Axl gordo-feio-bobo-beberrão (porque, NÉ, GENTE, “foi só ele que sobrou do GUNS DE VERDADE”), Silverchair (opa, alguém além desta que vos escreve lembra deles/ainda ouve algo deles/ainda ouve falar deles?) e o processo “deixamos-de-ser-apenas-guris-e-viramos-homens-(terrivelmente-bonitos)-com-barba-na-cara-e-tudo-e-abandonamos-nosso-lado-‘olha-eles-parecem—tanto-com-o-Nirvana’” e o In Flames, que é pra entrar no assunto logo. Bandas terrivelmente geniais que esqueceram a fórmula da própria genialidade musical e se tornaram apenas bandas terríveis. TERRÍVEIS. Pros fãs.

Desde a primeira faixa, The Mirror’s Truth (e este clipe maroto), pude entender o que o Alexandre (vulgo Xenochrist) quis dizer ao me desafiar – “é uma banda que já foi mais extrema, hoje é só um ‘rock alternativo’ com uns gritinhos” – mas devo dizer que isso não é de todo ruim. Aliás, particularmente, não acho mesmo ruim, então tudo ocorreu bem nesta primeira audição. Ao me deparar com esta primeira faixa, tive certeza de estar ouvindo uma banda destas aí que a gente ouve e nem diferencia mais, mas eu não ouço muito metal, vai que quem não sabe diferenciar mesmo sou eu, né. Prossegui na audição.

Então Disconnected, a segunda faixa, começa a tocar, e é bem difícil não ficar com os versos na cabeça: “you receive what you give / and this is like nothing / I feel like shit / but at least I feel something”. Devo que confessar que já neste momento eu passei a gostar do álbum, e não entendi bem o porquê de ele ser considerado “o pior”.

O disco segue com as faixas Sleepless Again, cuja letra me deixou um tanto aflita (“I need to easy my mind / and kill what burns inside”), o single bacaninha Alias, seguido de I’m The Highway, o outro single Delight and Angers,e as faixas que continuam na tal da linha “traímos nosso próprio movimento, véio”, Move Through Me, The Chosen Pessimist (que tem umas partes bem melódicas e bonitas que meio que soam como um respiro da ideia ‘guitarras e gritinhos’), Sober and Irrelevant, Condemned, Drenched in Fear e a décima segunda e última,March to the Shore.

Mas eis que, curiosa, eu decido buscar ouvir algo dasantigas, só por constagem, e ó...! Entende-se a indignação que o moço demonstrou ao me falar do álbum (“É o pior álbum de uma banda que já foi a minha favorita”). Porque, bom, não só notável, mas GRITANTE (e isso não foi uma tentativa de trocadilho, mas desculpaí mesmo assim, galere) é a diferença deste In Flames para este In Flames.

O que se pode notar é que o som mudou mesmo, e muito. Mas aí vem a pergunta: será mesmo que seria bacana se os caras insistissem no mesmo tipo de som de quando começaram, lá nos anos 90? Quer dizer, será que uma banda que TÁ AÍ NA ATIVIDADE não tem o direito de variar um pouco, buscar novos recursos, novas fontes, novas sonoridades? Porque, gente, as coisas mudam, a vida muda, as pessoas mudam, e não dá pra exigir que, numa banda que já trocou de integrantes algumas boas vezes como o In Flames, o som feito continue seguindo a mesma linha. Ou dá? Sei lá, acho que a galera viaja em achar que porque é fã da parada feita de um jeito, a parada não pode mudar, é assim e pronto, cabô. Sem chance. A gente acaba esquecendo que a gente também muda, e o mundo bem ali fora também vira outro a cada instante, então não dá pra pensar que existe só uma maneira pra um bom resultado. Os moços devem mesmo ter partido muitos coraçõezinhos de fãs ao redor do mundo - o que deve ter sido uma pena, é verdade –, mas devem ter conquistado tantos outros por aí, que olha, acho que compensa, hein. Até porque o que foi feito já tá feito, se você não gostar do esquema daqui pra frente é só parar de ouvir, amiguinho. Pra quem ouve é bem mais fácil trocar o disquinho, mas os caras precisam sobreviver aí entre o que está surgindo, e pra isso precisam se renovar a cada momento. Ou será que eu to divagando e pirando demais? De qualquer forma, posso confessar uma coisa? Eu gostei do álbum. Sérião. Acho, inclusive, que A Sense Of Purpose é um daqueles álbuns que, se você é fã dasantigas e deixar de viadice – ou ouvi-lo de desafiado/desocupado-com-internet/aleatório que é, no meu caso -, vai acabar gostando mais dele a cada audição. É só abrir seu coraçãozinho pro novo (ui!). Fica a dica aí, gente.

Um comentário:

  1. É o melhor álbum deles pra mim, de longe. Gosto dos antigos e gosto dos novos, mas nenhum me marcou como esta maravilha que acabaste de analisar. Por sinal, hoje mesmo comprei o mais recente dos moços, devo reouvir nas próximas horas.

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