
Existem bandas que ouvimos em algum ponto de nossas vidas e esquecemos de sua existência. Algumas esquecemos porque eram realmente dispensáveis, e outras porque estamos soterrados de descobertas por todos os lados, e o cérebro simplesmente não dá conta de catalogar tudo. Today Is The Day faz parte do segundo grupo. É uma banda que ouvi há muito tempo, e que me agradou pela atmosfera quase "noise" e abrasiva, mas que provavelmente não ficou gravada em minhas sinapses porque eu estava mais preocupado procurando coisas por gêneros. E se tem algo que não podemos fazer é colocar essa banda em um.
O som desses doentes do Tennessee aponta para várias direções ao mesmo tempo, sendo que a única saída que se encontra, geralmente, é chama-los de "rock alternativo"; mas prefiro deixa-los sem classificação do que correr o risco de traçar um paralelo entre eles e, sei lá, 30 Seconds To Mars. Influencias de metal extremo são especialmente perceptíveis, principalmente do death metal, e a atmosfera é comparável ao mais aterrador álbum de black metal, mas sem parecer ter influencias do sub-gênero. O principal pilar parece ser aqui o grindcore mais rítmico e lento, sem tantas explosões de blast beats (que estão no álbum, mas são raríssimos), usando bastante viradas de bumbo, e as vezes tudo soa até mesmo quase ritualístico(não é a toa que o álbum feche com o que parece ser o som de uma cerimonia indígena).
O interessante do álbum é que ele sustenta sua atmosfera sufocante invocando elementos que remetem a psicose de forma geral. Os vocais, por exemplo, são num tom quase infantil, com muita reverberação, mas ainda soam essencialmente maléficos, lembrando muito algumas passagens de alguns projetos pós-Faith No More do Mike Patton, como Tomahawk, Fantomas e, principalmente, sua performance no EP com o Dillinger Escape Plan. As musicas passam, ao mesmo tempo, uma sensação de ser uma só grande canção, dividida em atos, mas ainda assim é absolutamente desconexo, com musicas terminando no meio de riffs, sem aparente resolução. Para fechar, diversas musicas começam com samples que parecem todas falar de estados alterados de consciência ou de distúrbios psicológicos.
"In The Eyes Of God" é um uma besta sem forma que te absorve, para o melhor ou para o pior (como sugere o sample da primeira faixa, que claramente fala de Charles Manson). Me resta agora mergulhar no resto dos álbuns desse projeto, rumo ao abismo.
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